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Planeta Resenha Marvel: As Destemidas Defensoras

Como visto na minissérie "Sem Medo", a asgardiana Valquíria, também conhecida como Brunhilda, a favorita de Odin para conduzir os guerreiros mortos para Valhala, recebeu a incumbência das atuais regentes de Asgárdia, as Mães Supremas, de selecionar uma nova tropa de valquírias dentre as heroínas de Midgard (Terra). A empreitada se tornou mais difícil do que o esperado e, com o tempo, ela acabou negligenciando a tarefa. Como veremos a seguir, no roteiro de Cullen Bunn e arte de Will Sliney no encadernado Defensores - Sem Medo #1 lançado pela Panini, que traz os 6 primeiros números da minissérie The Fearless Defenders, publicada nos EUA, o preço dessa negligência será alto demais.


Misty Knight, heroína de aluguel e namorada de Daniel Rand, o Punho de Ferro, completa sua missão de resgatar uma estatueta asgardiana de mercenários fortemente armados e liderados pelo impiedoso Senhor Raven, que trabalha para a sádica Caroline LeFay. Misty entrega o artefato para a arqueóloga Annabelle Riggs, uma amiga de longa data, que realiza uma escavação em um antigo cemitério viking. Ao manejá-lo, uma melodia arcana começa a tocar e os despojos dos guerreiros enterrados naquele local se reanimam e iniciam um ataque. Valquíria chega em auxílio montada em Aragorn, seu cavalo alado. Ela rapidamente entende o que está acontecendo, destrói a estatueta e os mortos reanimados encontram o seu fim, sob protestos de Annabelle que, apesar disso, não deixou de sentir gratidão pelo salvamento, assim como uma forte atração pela guerreira imortal.


Val decide partir para Asgárdia e consultar as Mães Supremas sobre o que fazer e as outras duas mulheres exigem acompanhá-la. Relutantemente, Val concorda e as previne de que a jornada não será agradável. Ela acrescenta que a mensageira que reanimou aqueles mortos cantava algo sobre uma tropa maligna prestes a ressurgir, as Damas da Destruição e que a culpa disso tudo era dela, Val.

Elas partem para Asgárdia, ao mesmo tempo em que Dani Moonstar, líder dos Novos Mutantes e também uma valquíria, sofre um ataque em sua própria residência e é capturada, não sem esforço, pelo Senhor Raven e é aprisionada por LeFay em um casulo de pedra em local desconhecido. "Você está aqui porque preciso de você e quero ser como você", ela diz, "quero me tornar uma valquíria".

Ignorando totalmente esses acontecimentos, Val, Misty e Annabelle chegam a seu destino e se dirigem a uma audiência com as Mães Supremas. Estas não se encontram nada satisfeitas, principalmente com Val, que recebe uma reprimenda por ter deixado sua missão de lado. As regentes contam que a ausência de uma tropa de valquírias criou "um vácuo na ordem natural" que poderia ser preenchido pelas Damas da Destruição, que foram as primeiras e mais poderosas guerreiras de Odin mas que foram corrompidas por algo que viram nas profundezas do espaço e se tornaram assassinas de deuses e de homens. Elas foram detidas pelo próprio Pai Supremo mas parecem prestes a retornar. A audiência é interrompida pela chegada intempestiva de Hela, rainha dos mortos do submundo de Hel, que confirma o iminente retorno desta "hoste horrenda", segundo suas próprias palavras e traz sua campeã para combatê-la: a rainha amazona Hipólita, filha de Ares, o deus grego da guerra, que pereceu em combate na própria Asgárdia. 


A presença de Hela é vista com enorme desconfiança mas ela diz que as Damas da Destruição, após terem conquistado o reino dos vivos, fatalmente iriam atacar o dos mortos e que, além disso, uma de suas valquírias foi capturada, Dani Moonstar, para que sua conexão com Hel possa ser utilizada para suprir a necromancia necessária para despertá-las. As Mães Supremas determinam, então, que ao lado de Hipólita também lutarão Val, Misty e Annabelle para representar os interesses de ambos os reinos, Asgárdia e Hel.

Hela envia todas as escolhidas a uma cidade fantasma, onde rastreou a ressonância de antigos rituais. Elas encontram as redivivas Damas da Destruição mas elas não parecem estar em plena forma e o combate se inicia. Anabelle liberta Dani, enquanto a hoste horrrenda parece reconhecer Val como uma delas. Quanto mais o combate se arrasta, mais suas inimigas recuperam sua lendária perícia e as heroínas decidem bater em retirada. Logo em seguida, as próprias Damas da Destruição saem para fazer jus ao nome cavalgando seus leviatãs voadores. À distãncia, Raven e LeFay observam os acontecimentos com grande satisfação.


As heroínas se reúnem em um dos abrigos de Misty em Nova York. Valquíria desenterra uma lembrança de eras atrás, em que ela era Brunhilda, a Dama do Ódio. Odin, por considerá-la sua favorita, ao invés de condená-la às trevas permitiu que ela vivesse e retirou suas memórias para que ela tornasse a conhecer o sentido da honra.  "As Damas da Destruição vão me procurar porque sou uma delas", ela revela para as demais e, para combatê-las, decide partir junto com Hipólita e Dani para algum lugar deserto onde nenhum inocente será ferido. Misty fica para trás com Annabelle e decide providenciar uma retaguarda para quando a situação assim o exigir.

As três guerreiras chegam em um lugar chamado "Descanso de Deus", situado no Brasil. Logo após, LeFay e Raven surgem cavalgando os leviatãs voadores das Damas da Destruição. Valquíria derruba ambos mas logo as Damas aparecem, dispostas a uma investida final. Quando a rendição das heroínas parece inevitável, finalmente chega a "cavalaria" convocada por Misty, que reúne algumas das mais poderosas e mortais heroínas do Universo Marvel: Tempestade, Mulher-Hulk, Viúva-Negra, Elektra, Capitã Marvel, Mulher-Aranha, entre outras.


Infelizmente, Val sabia que o poder de todas essas heroínas reunidas seria insuficiente para alcançar a vitória. Então, ela trouxe deliberadamente o combate para esse local isolado aonde poderia dispor das energias asgardianas de Dani e se tornar novamente Brunhilda, a Dama do Ódio, e assim a hoste horrenda é derrotada de maneira definitiva e todas as demais heroínas são colocadas a nocaute com exceção de uma, Annabelle Riggs, que enfrenta Brunhilda  movida pelo amor que sente por ela. Tamanha demonstração de coragem faz com que Val reassuma o controle de seus atos mas não antes da Dama do Ódio fazer sua última vítima fatal, a própria Anabelle. Lamentando profundamente o ocorrido, Val assume o compromisso de criar uma hoste de Defensoras para proteger o nosso mundo. Bem longe dali, Raven e LaFay, que se aproveitaram da confusão para escapar, dedicam-se a estudar várias super-vilãs para escolherem suas próprias Damas da Destruição.


A história seguinte do encadernado, "Eu Mato Pelas Estrelas", trata-se da republicação de The Defenders #1, que traz a equipe em sua formação original: Hulk, Dr. Estranho e Namor, com o roteiro de Steve Englehart e desenhos de Sal Buscema, em que eles enfrentam e derrotam a muito custo o misterioso Necrodamus, servo de um inimigo comum a eles, os Imortais, espécie de demônios  "que nasceram em algum cosmo atemporal desconhecido". A história não se concluiu aqui, faz parte de um arco originalmente publicado nas antigas edições de "Capitão América" da Editora Abril. Não sei se a Panini dará continuidade a ele no número seguinte deste encadernado, já que o checklist de maio ainda não saiu.

O escritor Cullen Bunn dá sequência aos eventos que narrou em "Sem Medo" e, como lá, Valquíria é a protagonista deste arco de histórias.  É uma leitura agradável, nada de excepcional, em que o escritor soube usar com competência o recurso do "retcon" para criar um passado para a guerreira asgardiana que achei bastante interessante e coerente com a personagem. Ao meu ver, ainda falta esclarecer melhor o propósito francamente niilista do par de vilões formado por Raven e LeFay. Não diria que se trata de um material "imperdível" mas que cumpre o seu papel de entreter com honestidade. Os desenhos de Will Sliney são corretos em sua apresentação e narrativa e combinaram bem com esse tipo de história. 

Quanto à Panini, se a editora queria mostrar uma história com os Defensores originais, para mim faria mais sentido ter colocado neste encadernado a história em que eles se reuniram pela primeira vez, publicada em Marvel Feature #1 em 1971 nos EUA e publicada aqui em Capitão América #52 pela Abril, salvo se ela der sequência a este arco no próximo encadernado. Achei muito boa a iniciativa do editor de colocar referências a números anteriores que remetem aos tempos da Ebal. De qualquer forma, achei válido o lançamento deste material num papel mais barato e vamos aguardar sua continuação.

Por Carlos André


Fonte: Universo Marvel 616

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2 Comentários

  1. Respostas
    1. Cheguei a ler o primeiro arco que foi publicado pela Salvat, e achei apenas OK, Anônimo.

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