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Colaboradores do Planeta: E o Universo DC Renasce

A Panini anunciou que a edição especial DC Renascimento está chegando este mês, e para nos preparar para este evento, nosso colaborador Giulianno de Lima Liberalli faz uma análise profunda sobre a história e tudo o que a cerca.

Está chegando ao Brasil pela Panini Comics a nova fase do Universo DC: RENASCIMENTO e, diferente das iniciativas Ponto de Ignição e Novos 52, não estamos diante de uma reconstrução ou um reboot e nem um novo universo criado a partir de um evento cataclísmico, mas veremos um “retorno aos bons tempos clássicos”, pelas mãos de Geoff Johns, de 10 anos atrás pela cronologia da DC e isso teve início em A Guerra de Darkseid, saga que trás um combate entre o Antimonitor, o vilão de Crise Nas Infinitas Terras cujas faces do passado são reveladas pelo Novo Deus Metron e o Darkseid de Crise Final disputando o poder da temida Equação Antivida, para quem se lembra a Equação Antivida foi o tema central da excelente mini Odisseia Cósmica de Jim Starlin e Mike Mignola em que os heróis tentam deter a Entidade Antivida cujo objetivo é dominar nosso universo, destruindo-o no processo, enquanto Darkseid engendra um plano para controlar seu poder. No final do evento, depois que tudo parece ter sido resolvido, Metron e Coruja são atacados por uma entidade que a Poltrona Mobius aponta como a responsável por esses acontecimentos e parece ser obra do Dr. Manhattan, do universo de Watchmen, pelo que tudo indica agora incorporado a cronologia do Universo DC. Qual foi o gancho para isso acontecer e unir esses dois universos? Tenho uma suspeita: no final de Watchmen, pouco antes de desaparecer, Manhattan tem um diálogo revelador com Ozymandias e suas palavras mais marcantes são:

Assuntos humanos não me preocupam, eu estou deixando esta galáxia por uma menos complicada.” – Manhattan.

Mas você recuperou o interesse pela vida humana...” – Ozymandias.

É verdade. Acho que talvez eu até crie alguma.” – Manhattan.

E ele parte deixando para trás um Ozymandias sem palavras pelo que acabou de ouvir.

Como se sabe, Manhattan possui poderes praticamente ilimitados, beirando a onipotência e
para ele criar vida ou alterar eventos cósmicos não seria nenhuma dificuldade. Em linhas gerais, com essa mexida, após a saga Ponto de Ignição não existirão os eventos de Os Novos 52 com o universo voltando 10 anos do seu tempo e os personagens da DC, tanto heróis como vilões, se veem em uma nova realidade, rejuvenescidos, eventos como Crise nas Infinitas Terras, Crise de Identidade e A Piada Mortal voltam a fazer parte da continuidade, personagens que ficaram desaparecidos retornam como Wally West, Aqualad, Ryan Choi e Doutor Destino. Cabe a Wally relatar ao Flash o que aconteceu nesse momento de mudança, que as alterações não se deram pela tentativa de Barry voltar no tempo e salvar a mãe da morte, mas tudo aconteceu pela influência de uma criatura muito poderosa que sentiu as mudanças dos acontecimentos no momento em que Barry retorna no tempo, ele pega o instante em que Ponto de Ignição muda o universo para a realidade que viria a dar origem aos Novos 52 e muda tudo, realinha tantos os acontecimentos como as vidas de todos alterando toda uma década de eventos e a única testemunha, pelo que ainda se sabe, é Wally.


Pego no Horizonte de Eventos, talvez protegido pela Força de Aceleração, ele tenta desesperadamente fazer contato com alguém que possa ajudá-lo a retornar ao universo normal já que ninguém se lembra de ele ter existido, passando pelo Batman, por seus antigos companheiros Titãs e por um idoso Johnny Trovoada, as imagens de suas aparições remetem ao que aconteceu com Barry quando ele tentava avisar os heróis sobre o que estava acontecendo no futuro em Crise nas Infinitas Terras, vemos uma clara homenagem a saga com artes inspiradas nos momentos em que o Flash aparecia tentado dar seu alerta. Ele assiste ao desenrolar das mudanças se fixando nessa nova continuidade afetando heróis como Superman, Eléktron, Aquaman, Besouro Azul, Doutor Destino e Arqueiro Verde enquanto sente que morrerá se ninguém o ajudar, até finalmente encontrar o Flash, que consegue se lembrar de Wally e trazê-lo de volta. Esses eventos nós vemos na edição especial que marca esse renascimento, passamos por vários flashbacks da vida de Wally, desde os primeiros dias de sua origem, o início de sua vida heróica como Kid Flash até assumir o lugar de Barry, momentos desse universo renascido são vistos e visitados por um desesperado Wally West enquanto busca por ajuda e três sequências são marcas da influência do universo de Watchmen incorporado ao universo DC: Pandora encontra um trágico destino que remete ao mesmo sofrido por um personagem de Watchmen, Batman encontra um conhecido objeto nas profundezas da batcaverna que parece ter acompanhado Kid Flash no momento em que ele se materializa diante dele deixando o Homem Morcego com um grande mistério nas mãos, outra clara releitura de Crise, pois um dos primeiros a ser alertado pelo Flash é o Batman e na superfície de Marte outro conhecido elemento de Watchmen é visto, sinalizando que alguém muito poderoso está vigiando os heróis DC renascidos.


Os Novos 52 se encerraram deixando uma fase que passou por altos e baixos da crítica especializada e das preferências dos leitores, a iniciativa Renascimento se fundamenta em trazer elementos e personagens que foram marcantes, mais queridos pelo público, para tentar agradar tanto aos antigos leitores que gostavam mais do Universo DC da época pré-Ponto de Ignição como aos novos leitores que tiveram mais contato com sagas recentes como Crise de Identidade, Crise Final, A Noite Mais Densa e O Dia Mais Claro. Para traçar uma linha melhor dos acontecimentos finais dos Novos 52 é bom ler A Guerra de Darkseid, os momentos finais do Superman no seu título regular e o especial pós Convergência lançado pela Panini: Superman: Lois & Clark, mostrando as aventuras do Homem de Aço mais semelhante ao da época de A Morte do Superman.

A DC Comics fez uma aposta bastante ousada em ligar os dois universos, fico me perguntando se esse regresso nostálgico é realmente seguro, tendo em vista que a nova geração de leitores não acompanhou mega sagas como a Crise na época do seu lançamento nos anos 80, nos acostumamos com histórias fechadas, conclusivas, até as editoras começarem a investir em arcos e sagas praticamente infinitas, com suas várias tentativas de revitalizar algo batido para uma época mais ágil, moderna e radical, claro que a mente de Geoff Johns viu na figura de Kid Flash o ponto central para esse retorno, será que ter ficado na gaveta durante os Novos 52 foi uma jogada? Ele ficou reservado para caso mais essa iniciativa desse errado e tivessem que começar tudo outra vez? Johns se tornou meio que um especialista em renovação, vide os trabalhos dele em Crise Infinita, Flash e Lanterna Verde que lhe garantiram bastante notoriedade, atualmente foi escolhido como presidente da DC Entertainment e esse especial é sua despedida dos quadrinhos, a arte da edição que dá início a RENASCIMENTO ao cargo das feras Gary Frank, Ethan Van Sciver, Ivan Reis e Phil Jimenez lembram para os mais veteranos esses tempos clássicos. E Alan Moore? Sua obra, obrigatória para os fãs de HQs, é propriedade da DC Comics para que façam todo e qualquer uso dela, vamos ver se nesse RENASCIMENTO os elementos que tornaram Watchmen um clássico absoluto serão respeitados, se farão bom uso desses personagens que estão sendo trazidos para a realidade dos heróis DC formando uma nova mitologia no Universo DC, mais uma vez só o tempo poderá dizer se funcionou e o futuro dos heróis DC estará em boas mãos.

"Um mundo cresce ao meu redor. Será que eu o estou moldando ou os seus contornos predeterminados guiam a minha mão?" - Dr. Manhattan


Por Giulianno de Lima Liberalli
Colaborador do Planeta Marvel/DC