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US News DC: Doomsday Clock: Segredos revelados em explosivo painel da NYCC

Quem já teve oportunidade de ver Geoff Johns ao vivo ou em vídeo, deve ter percebido que ele é um cara contido e de humor mais reservado. Não foi diferente no painel de Doomsday Clock, na NYCC deste ano, ocorrido ontem à noite. Diferentemente do que costuma acontecer em painéis de quadrinhos nestas convenções, que normalmente rolam em salas para algumas dezenas ou centenas de pessoas, a apresentação foi em uma das maiores salas do evento, com seus 3 mil lugares mais que ocupados. Johns estava impressionado e fez questão de agradecer.



O autor falou bastante sobre o processo criativo da história, contando que leu Watchmen pela primeira vez aos 12 anos, mas não pegou as edições na sequência; na verdade, sua primeira edição foi a que contava o passado de Rorschach. “Algo bem pesado para uma criança de 12 anos”, disse. Futuramente, ele leu e releu Watchmen múltiplas vezes, absorvendo (como a maioria dos fãs) o que tudo aquilo significava. Mesmo assim, ele passou anos sem sequer imaginar que um dia mexeria neste material.

Tudo começou, é claro, com Universo DC – Renascimento, lançada ano passado lá fora. Johns não economizou palavras ao dizer que estava extremamente incomodado com o atual estado da DC, em que seus heróis estavam mais cínicos, menos heroicos, com o senso de legado e respeito perdidos. Isso o fez lembrar de Watchmen, o contraponto absoluto, em termos de tonalidade, ao que o Universo DC representa: esperança. Foi então que surgiu a ideia de colocar o Dr. Manhattan como responsável pelas mudanças atribuídas ao período conhecido como Novos 52 – “nós temos de um lado o alienígena mais humano que já existiu e, do outro, o humano mais alienígena de todos”, disse, falando de Superman e Dr. Manhattan. O encontro dos dois promete ser explosivo, pois Geoff disse a seguinte frase: “passei meses pensando em como seria uma conversa [filosófica] entre eles. Já pensou nisso?”, disse, maravilhado com a possibilidade narrativa que ele mesmo encontrou.

Johns não economizou palavras ao falar sobre o cuidado que se deve ter ao lidar com este material. “Não é um crossover qualquer, não é uma saga, não há tie-ins, edições de Action Comics com, sei lá, o Dr. Manhattan dando porrada no Bizarro. A história não é isso“, o que gerou muitos aplausos do público. O apresentador do painel então questionou o autor sobre dois aspectos importantes da obra original, como a “metacontextualização” a respeito do Universo DC e do próprio mundo de super-heróis, bem como o aspecto político em que o mundo real estava naquela época.


Geoff tentou não revelar spoilers de Doomsday Clock ao responder estes questionamentos, mas contou que a história se passa em 1992, “um ano muito importante para a DC”, disse. E foi mesmo – foi quando o Superman morreu, apesar de, aparentemente, ninguém na plateia ter percebido isso. No mundo real, Boris Yeltsin assumiu o comando da Rússia, bem como Bill Clinton foi eleito nos Estados Unidos. Não está claro quais destes eventos acontecerão – e se acontecerão – em Doomsday Clock. E ainda falando do aspecto político, quando um fã perguntou se a história mostraria lados sombrios do UDC, “como a Marvel fez com o Capitão Hydra”, Johns foi enfático ao dizer que “não, não haverá uma versão nazista do Superman”, para ovação geral da plateia.

Em termos de “metacomentários”, Johns disse muitas coisas. Primeiramente, há uma espécie de “livro de regras” que Watchmen criou e ele precisou ser respeitado para Doomsday Clock. Isso vale para temas, vestimentas, composição de páginas, enquadramentos etc. Ele e o artista Gary Frank fizeram questão de que tudo isso fosse respeitado, afinal, esta é uma sequência oficial de Watchmen. Em segundo lugar, o Universo DC era tão ficcional para Watchmen como é pra gente. Portanto, a metalinguística da coisa será resolvida, mas Johns não revelou como para não entregar a história.

Na época, Watchmen tinha algo a dizer para o Universo DC, pelo que vivíamos no mundo e pelos quadrinhos que estavam saindo na época. Você diria que o oposto vale para agora?”, perguntou o moderador. Johns afirmou que sim, que “o Universo DC tem muito a dizer para o Universo de Watchmen“, mais uma vez arrancando aplausos da plateia.

Antes que o painel acabasse, Johns contou que o trabalho do colorista Brad Anderson é importantíssimo para a obra. Ele está seguindo a maior parte da paleta de John Higgins, o colorista original de Watchmen, sem deixar de oferecer um toque pessoal e especial para Doomsday Clock. O autor também revelou que os vilões são parte importantíssima da história, dando destaque para o encontro entre Ozymandias (agora procurado pelo assassinato de milhões de pessoas, como acontece no fim de Watchmen) e Lex Luthor, como homens normais, com toda a genialidade e moralidade dúbia que têm.


E, como não podia deixar de ser, o autor divulgou seis páginas da HQ para todos, explicando cada uma delas. Ele contou também que Rorschach foi o melhor personagem que já escreveu na vida e que entrar na cabeça dele não foi fácil. Contudo, não está claro ainda como o personagem está de volta, ainda que seu diário tenha sido publicado e muitas revelações sobre os Minutemen e outras de suas anotações tenham se tornado públicas.

Por fim, vale destacar que Johns foi questionado sobre alguém da DC ter dado uma ligada para Alan Moore para comentar Doomsday Clock ou até pedir sua bênção, ao que o autor respondeu “acho que Alan nem tem telefone“.


Fonte: Terra Zero